terça-feira, 22 de setembro de 2015

Hoje escolhi o silêncio... matei uma pequena esperança antes de dormir.


"Eu que sou barulhenta, que acordo falando alto e pelos cotovelos, me calei.


Hoje escolhi o silêncio, todos me deram bom dia, eu apenas sorri, nada respondi. Eles estranharam, me olharam com olhos esbugalhados, pois estavam prontos pra ouvir minha voz estridente e minha gargalhada espalhafatosa. Se espantaram e, por onde eu passava, me olhavam aflitos, pedindo um pouco do meu humor debochado, da minha ironia e do meu ar de quem tá nem aí pro babado.


Mas hoje eu não quis falar, não coloquei meu nariz de palhaça ao sair de casa, não me fantasiei de mulher maravilha, tampouco me emaranhei numa falsa alegria. A verdade sobre meu silêncio ficou pregada no espelho, enquanto flertava com a minha impontualidade.


Rabisquei minhas falhas na testa com minha caneta imaginária de auto cobrança, não maquiei uma felicidade ordinária na minha boca, pois não nasci hipócrita, muito menos mentirosa. Sei que todos esperavam que eu os contagiasse com minha alegria que, por sinal, sempre foi minha marca registrada, mas não hoje, não agora.


Estou em luto, matei uma pequena esperança antes de dormir. Sinto muito por não fazer milagres, por isso devo velar meu arrependimento, minha covardia, por ser uma reles mortal, que prefere enterrar o impossível, ao invés de fazê-lo possível.


Só por hoje, me dou ao luxo de não falar, mas escrevo, portanto, devorem uma verdade: Ao matar uma esperança, você poderá ser enterrado vivo."


(J.F)

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